quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A importância de ser embalada


No final, porém, a mulher precisa descansar agora, ser embalada, recuperar seu rumo. Ela precisa rejuvenescer, recuperar sua energia. Ela acha que não pode fazer isso, mas pode sim, pois o círculo de mulheres, sejam elas mães, alunas, artistas ou ativistas, sempre se dispõe a suprir a falta das que saem de licença. A mulher criativa precisa de descanso agora para voltar ao seu trabalho intenso mais tarde. Ela precisa ir visitar a velha na floresta, a revitalizadora, a Mulher Selvagem numa das suas muitas apresentações. A Mulher Selvagem já espera que o animus fique exausto com certa regularidade. Ela não se espanta quando ele lhe cai porta adentro. Ela está pronta. Ela não virá correndo até nós em pânico. Ela simplesmente nos apanha e nos segura até que recuperemos nossas forças.

Nem nós deveríamos entrar em pânico ao perdermos o ímpeto ou o rumo. À sua semelhança, devemos entreter a idéia com tranqüilidade e ficar com ela algum tempo. Quer nosso foco de atenção esteja voltado para o aperfeiçoamento pessoal, para questões do mundo, quer para um relacionamento, isso não importa. O animus sempre acaba se desgastando. Não se trata de uma hipótese; trata-se, sim, de quando isso vai ocorrer.

Para as mulheres, é melhor que elas tenham conhecimento disso desde o início porque as mulheres costumam ser surpreendidas pela fadiga. É então que elas uivam, resmungam, sussurram, queixando-se do fracasso, da incompetência e coisas semelhantes. Não, não. Essa perda de energia é o que é. Ela faz parte da natureza.

A suposição da força eterna no masculino é equivocada. Trata-se de uma introjeção cultural que precisa ser desviada da psique. Esse engano faz com que tanto as energias masculinas no cenário interior quanto os homens de verdade na cultura decepcionem. Todos por natureza precisam de uma trégua para recuperar as forças.

O modus operandi da natureza da vida-morte-vida é cíclico e se aplica a todo mundo e a todas as coisas.

Na história, três fios de cabelo são jogados ao chão, como no ditado, "Jogue um pouco de ouro no chão".

O cabelo simboliza o pensamento, aquilo que emana da cabeça. Jogar cabelo no chão ou fora torna o menino de certo modo mais leve, faz com que ele brilhe ainda mais. Da mesma maneira, sua idéia ou iniciativa desgastada pode brilhar ainda mais se você tirar um pouco dela para jogar fora. É a mesma idéia de um escultor removendo mais mármore a fim de revelar mais a forma oculta. Um meio poderoso de renovar ou reforçar nossa intenção ou nossa ação que ficou extenuada consiste em jogar algumas idéias fora e concentrar nossa atenção.

Arranque três fios de cabelo da sua iniciativa, jogando-os os ao chão. Eles se transformarão num alarme de despertador. Jogá-los ao chão gera um ruído psíquico, um repique, uma ressonância no espírito da mulher que faz com que a atividade retome.

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